Qual a teoria do ritmo?
Nesse tópico iremos aprender a teoria que existe por trás do ritmo musical. Apesar do ritmo ser um elemento de extrema importância para qualquer músico, a grande maioria acaba deixando de lado esse estudo, pois pensa que ritmo é uma coisa inata do ser humano: “quem nasce ritmado não precisa praticar ritmo, isso é tarefa apenas para quem tem dificuldades nesse quesito”.
Bom, saiba que essa avaliação está completamente equivocada!
Qualquer músico precisa estudar e praticar ritmo, da mesma maneira que precisa praticar qualquer outra técnica, pois o ritmo também pode ser aprimorado e desenvolvido.
A primeira dica para quem quer se desenvolver no campo do ritmo é tocar sempre com um metrônomo ao lado. Quem utiliza metrônomo nos treinos de técnica é como se tivesse um general militar ao lado dizendo: “Não saia do andamento!”. Isso faz o músico desenvolver não só a precisão, mas também a acentuação, fator muito importante para qualquer instrumentista.
Legal, mas antes continuar lendo esse tópico, recomendamos que você leia o artigo sobre “tempos na partitura“, pois utilizaremos aqui alguns recursos da partitura para representar os ritmos, especialmente a parte que menciona os compassos.
Muito bem, nós já aprendemos no artigo sobre partitura o que significa um tempo 4/4: cabem quatro semínimas por compasso. Apenas para relembrar, veja abaixo quantas figuras cabem em um compasso nas representações:
4/4 = Cabem 4 semínimas
4/2 = Cabem 4 mínimas
4/8 = Cabem 4 colcheias
2/4 = Cabem 2 semínimas
3/1 = Cabem 3 semibreves
5/32 = Cabem 5 fusas
7/2 = Cabem 7 mínimas
Como já comentamos, o tempo 4/4 é o mais comum de ser utilizado nas músicas. Nesse tempo, você consegue fazer uma contagem, no ritmo da música, de 1 até 4, recomeçando a contagem novamente, sem que haja descasamento com a melodia.
Observe, por exemplo, a música Rolling in the Deep:
A partir dos 00:23 dessa música, quando entra o bumbo da bateria marcando o tempo: “bum”, “bum, “bum, “bum”, você vai fazer uma contagem de 1 até 4 e recomeçar novamente, acompanhando os “bum” da bateria da seguinte forma:
Observe que há um casamento perfeito dessa contagem com a melodia. Isso significa que essa música está no tempo 4/4.
Como o tempo 4/4 é o mais praticado, grande parte dos músicos se sentem desconfortáveis ao se depararem com músicas “quebradas”, que não estão no andamento 4/4.
Por exemplo, observe a introdução da música Dreaming Awake, da banda de metal progressivo sueca Harmony:
Logo que começar a música, vamos fazer a mesma contagem que fizemos para a música anterior. Dessa vez, a caixa da bateria é quem vai nos ajudar a marcar o tempo. Faça uma contagem (1, 2, 3, 4) de tal forma que a primeira batida da caixa esteja no número 3, ou seja, quando a música começar, você já começa a contar numa velocidade tal que o número 3 caia em cima da primeira batida da caixa da bateria. Essa vai ser a nossa velocidade de contagem para essa música. Conte até 4 e recomece a contagem, da mesma forma que você fez na música anterior.
Reparou que a música não se encaixa bem com essa contagem? A guitarra está fazendo um riff repetitivo, mas esse riff não está se encaixando bem com a nossa contagem, pois quando chegamos no número 4 e recomeçamos a contagem, a música está num ponto diferente, desalinhado. Isso está acontecendo porque a introdução dessa música não está no tempo 4/4, e sim 7/4.
Mas como podemos descobrir que ela está no tempo 7/4? Bom, repita a mesma contagem que você estava fazendo, na mesma velocidade, mas em vez de contar só até 4, conte até 7 e depois recomece. Viu como agora tudo se encaixou? O riff da guitarra acompanha a contagem até 7 para depois recomeçar.
Obs: Nossa análise dessa música se focou apenas na primeira parte da introdução, pois na realidade, a introdução completa começa com 3 compassos no tempo 7/4 e depois faz um compasso no tempo 8/4. Esse último compasso também pode ser visto como dois compassos 4/4 consecutivos. Da mesma forma, os primeiros compassos que vimos (7/4) podem ser vistos como uma soma de um compasso 3/4 com um compasso 4/4. Preferimos tratar esses compassos aqui como 7/4 e 8/4 para fazer uma referência à nossa contagem e ficar mais fácil de acompanhar.
Já quando o vocalista começa a cantar, o tempo da música passa a ser 4/4. Repare como essa música não mantém o mesmo tempo, mas alterna entre tempos 7/4 e 4/4. Essa situação não é comum nas músicas populares. Por isso é interessante pegar músicas com tempos complexos para praticar e perder o vício de só se sentir confortável com músicas 4/4.
Vamos ver mais um exemplo agora de tempo 3/4, a música “Ele é exaltado”:
Confira a contagem abaixo, no ritmo que companha a letra da música:
Muito bem, agora que já aprendemos a identificar esses tempos ímpares, tende observar, como exercício, que a música Take Five, tocada pelo quarteto de jazz Dave Brubeck, está no compasso 5/4:
Uma banda que merece destaque nesse sentido por ter várias músicas com tempos “quebrados” é a banda canadense Rush, que influenciou boa parte do segmento Rock/Metal a incorporar tempos complexos nas suas composições (como por exemplo, a virtuosa banda americana Dream Theater).
Para estudar assuntos relacionados a ritmo, é fundamental que você saiba como estudar com metrônomo. Preparamos um vídeo para explicar isso com detalhes:
Daremos uma continuação a esse estudo de ritmo no tópico Contratempo. Para aprender a ler os tempos de uma partitura fluentemente, com exemplos práticos em videoaulas, clique aqui.
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