O acorde subV7

Estudaremos aqui mais uma opção de substituição de acordes. Isso será muito útil para aumentar nosso campo de possibilidades no quesito rearmonização, além de fornecer o conhecimento de alguns clichês harmônicos que aparecem em diversos estilos musicais.

SubV7 é uma abreviação para “Substituto do V7“. Popularmente, lê-se “sub-5”. Como o próprio nome diz, ele é um acorde que serve de opção para substituir o quinto grau.

Sabemos que o V7 é um acorde dominante, portanto seu substituto também precisa ser um acorde dominante. Até agora, nosso estudo se restringiu a fazer substituições somente pegando acordes dentro de algum campo harmônico específico, utilizando o conceito de harmonia funcional. Iremos trabalhar agora novos conceitos. Prepare-se para pensar um pouco “fora da caixa”.

Considere a cadência II, V, I abaixo:

| Dm7 | G7 | C7M |

O acorde SubV7 nessa progressão será um acorde que irá substituir o G7, ou seja, ficar no lugar dele (por isso o nome: “substituto do quinto grau”). Nesse exemplo acima, o SubV7 é o acorde C#7 (explicaremos isso logo em seguida), formando a seguinte cadência:

| Dm7 | C#7 | C7M |

De onde tiramos esse C#7? Como regra, o acorde subV7 é um acorde maior com sétima que se localiza meio tom acima da tônica que ele irá resolver. Como a tônica aqui é o acorde C7M, o acorde maior com sétima que se localiza um semitom acima dele é o C#7.

Ótimo, introduzimos uma regra aqui, mas você deve estar achando estranho isso, afinal o acorde C#7 no exemplo acima não pertence ao campo harmônico de Dó! Isso é verdade. Porém, como começaremos a ver, nem tudo na vida gira somente em torno do contexto tonal. Ajudaremos você a perder um pouco desse preconceito.

O efeito do acorde subV7 está na aproximação cromática. Note que o acorde C#7 possui 3 notas que se localizam um semitom imediatamente acima das notas que compõe o acorde C7M.

Compare:

  • Notas de C7M: C, E, G, B
  • Notas de C#7: C#, F, G#, B

Esse efeito de aproximação cromática permite que o acorde C#7, mesmo não pertencendo ao campo harmônico de C7M, seja utilizado para formar uma cadência. Além disso, pelo fato de ser um acorde maior com sétima, o SubV7 possui um trítono, caracterizando-o como acorde dominante, permitindo sua substituição pelo V7 do ponto de vista de função harmônica.

Para ajudar a convencer você de que é possível realizar essa substituição do V7 pelo subV7, repare que as notas do trítono de G7, no exemplo anterior, são as mesmas notas do trítono de C#7 (si e fá):

  • Trítono de G7: G, B, D, F
  • Trítono de C#7: C#, F, G#, B

Motivos de se poder utilizar o acorde subV7 no lugar do V7

Vamos resumir então os motivos pelos quais essa substituição é possível:

  • A maioria das notas do subV7 se localiza um semitom acima do acorde que ele irá resolver, propiciando uma sensação de aproximação cromática.
  • As notas do trítono de V7 são iguais às notas do trítono do subV7.
  • O subV7 também é um acorde dominante, permitindo que sua substituição pelo V7 não interfira na função harmônica do respectivo trecho da música.

Utilização do acorde subV7

Teoricamente, o subV7 sempre pode substituir o V7. Na prática, porém, não é bem assim, pois nem sempre essa substituição irá casar bem com a melodia. É necessário sempre verificar e experimentar o sabor que o subV7 dará à música quando tocado junto com a melodia. Se não soar bem, ele deve ser evitado.

Alguns estilos musicais como Jazz, Bossa Nova e MPB costumam utilizar muito o subV7. Outros estilos musicais mais “quadrados” (menos trabalhados harmonicamente) costumam não aceitar bem o subV7.

No vídeo abaixo você pode conferir alguns exemplos práticos de utilização desse acorde:

Sempre que for possível utilizar o subV7 em alguma música, todas as abordagens que estudamos para o dominante V7 se aplicam também ao subV7 do ponto de vista harmônico, como os conceitos de dominante secundário, resolução deceptiva, dominantes estendidos, etc.

Exemplo de subV7 secundário

| C | Gb7 | F |

Já sabemos que um acorde dominante secundário é aquele que prepara para outro grau diatônico (que não seja o 1° grau). Nesse caso, o subV7 preparou para Fá (4º grau da tonalidade de Dó).

Exemplo de subV7 com resolução deceptiva

| Dm7 | Db7 | F |

A resolução esperada aqui era Dó maior, pois Db7 estava atuando como subV7 de G7 (A sequência natural seria Dm7 – G7 – C). O acorde Fá é uma resolução inesperada nesse contexto.

Exemplo de substitutos V7 estendidos

 | E7 | Eb7 | D7 | Db7 | C |

Nesse exemplo, tivemos quatro acordes subV7 encaixados em sequência.

Podemos ter também sequências II – V estendidas:

 | Dbm7 | C7 | Bm7 | Bb7 | Am7 | Ab7 | G7 | C7M |

Note como os subV7 desse exemplo estão resolvendo em acordes menores (ex: C7 – Bm7) e esses acordes menores já estão servindo de segundo cadencial para uma nova progressão II – V. A série terminou com Ab7 – G7 para então G7 atuar como dominante V7 de Dó.

Muito bem, agora você já pode brincar experimentando o sabor desse acorde. Algumas extensões muito usadas para o subV7 são a 9ª e a 5ª bemol. Veremos ainda muitas aplicações do subV7 ao longo de nosso aprendizado aqui no site. Se você está gostando de nosso ensino e achando o Descomplicando a Música útil, confira nossa apostila de teoria musical completa!

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