Dominante secundário (ou dominante secundária) é qualquer acorde que possui a função dominante sobre outro acorde que não é a tônica da música.
Por exemplo, na tonalidade de Dó maior, o acorde dominante é G7. Se, nessa tonalidade, aparecesse o acorde A7, esse acorde seria um “dominante secundário”, pois é um dominante que resolve em Ré, não em Dó (nossa tônica nesse caso). Repare que dominantes secundários não fazem parte do campo harmônico natural. Eles são acordes auxiliares, servem apenas para “preparar” uma cadência para algum outro grau do campo harmônico. Um sinônimo possível para dominante secundário é “dominante auxiliar“, mas este último costuma ser mais utilizado no contexto de acordes de empréstimo modal (assunto que veremos em outros tópicos). Isso ajuda a fazer uma distinção entre o propósito desses dominantes, e aqui no Descomplicando a Música nós faremos essa diferenciação para facilitar o entendimento. Muitas vezes, os dominantes secundários são utilizados para antecipar o dominante natural da música. Por exemplo, no caso anterior, o dominante natural da música era G7, então poderíamos tocar antes dele outro dominante que preparasse a ida para Sol. Vamos ver como ficaria isso:
Exemplo de dominante secundário
O dominante de Sol é D7. Assim, poderíamos ter a sequência | D7 | G7 | C |, onde D7 é o dominante secundário. Esse dominante também é chamado de “dominante do dominante“, já que serve de dominante para outro dominante. Em termos de nomenclatura, costuma-se utilizar a notação V7/ V7 para destacar que se trata de um dominante secundário para outro dominante (do quinto grau). Se fosse, por exemplo, um dominante secundário que prepara para o quarto grau, escreveríamos V7/ IV.
Ainda falando de nomenclatura, a título de curiosidade, o nome pode ser dominante “secundário” ou o feminino “secundária”, onde o termo secundária diz respeito a uma preparação, por isso o gênero feminino: preparação dominante secundária. Esse nome acabou pegando mais do que o masculino “secundário”. Mas isso pouco importa..
Como usar dominantes secundários
O conceito de dominante secundário já está claro. Agora vamos mostrar as implicações que esse conceito pode ter.
Como o dominante V7 está sempre uma quinta acima do acorde que ele vai resolver, podemos “brincar” com ciclos de quintas sucessivos. No caso anterior, tocamos D7 antes de G7, mas poderíamos também tocar A7 antes de D7 e E7 antes de A7, formando a seguinte sequência:
| E7 | A7 | D7 | G7 | C |
Essa sequência é uma preparação atrás da outra, que resolveu só no final em Dó. Primeiro, E7 preparou para Lá, mas o Lá era com sétima, preparando para Ré, e assim sucessivamente até terminar em Dó. Esse tipo de progressão é muito utilizado no jazz. Como já vimos, tratam-se de “dominantes estendidos”, pois formam um ciclo de quintas (ou de quartas, dependendo de que lado você está olhando). O conceito é simples, são apenas dominantes. Podemos improvisar em cima deles utilizando o modo mixolídio de cada dominante, ou as demais abordagens que estudaremos ainda (tópicos posteriores). Claro que essa improvisação nem sempre é fácil, pois essas passagens podem ser muito rápidas, o que dificultaria o solo. Por isso é importante treinar bastante em cima desse tema, afinal dominantes secundárias aparecem bastante nos estilos ricos harmonicamente (jazz, bossa nova, mpb, etc.). Quando analisarmos músicas completas aqui no site, pode ter certeza de que eles irão aparecer aos montes!
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